sexta-feira, 29 de abril de 2011

Está na hora de trocar o seu nome FEIO

Luciana Lane Valiengo

O seu nome é a sua marca, o seu cartão de visita e vai acompanhá-lo por toda a vida. Ele marca a sua vida e tem influência sobre as suas atitudes, portanto deve ser algo que lhe agrade, que o deixe feliz. Mas, se o seu é um nome FEIO e lhe causa constrangimentos e tristeza, porque carregá-lo e ser infeliz? Mudar de nome é possível e isso pode transformar a vida de uma pessoa, além de abrir muitas portas.

São muitos os casos de nomes FEIOS que trazem infelicidade e muitos constrangimentos aos seus portadores. Alguns até são felizes com esses nomes FEIOS e não se importam com as piadas que ele pode ocasionar. Da aglutinação dos nomes dos pais Iracema e Valter nasceu o sr. Iraval, que gosta do nome criado da junção dos nomes de seus progenitores.

Se ao contrário do sr. Iraval, você simplesmente não agüenta mais as piadas constantes com o seu nome FEIO, se você se sente ridicularizado, inferior, está na hora de trocar o seu nome FEIO. Está na hora de mudar o seu nome FEIO e traçar um novo futuro para você. Principalmente se você tem 18 anos, pois até completar 19 anos é simples e fácil mudar de nome.

Se você também é vítima deste problema, saiba que ele tem solução: Instituto Nacional do Nome (www.institutodonome.com.br). Acesse e saiba como fazer para mudar o seu nome FEIO!

terça-feira, 19 de abril de 2011

O Poeta dos muitos nomes

Lane Valiengo

         O mundo pessoal do poeta era tão grande, tão extenso e tão denso, que ele criou muitas outras vidas para si mesmo. A intensidade dos seus sentimentos e pensamentos era transbordante, não cabia em apenas uma personalidade. Por isso, Fernando Pessoa, um dos maiores nomes da literatura mundial de todos os tempos, multiplicou a sua existência, para cobrir todas as possibilidades, todas as variáveis, todos os conhecimentos, todas as vivências, todas as experiências

         Heterônimo é o termo que designa as diversas individualidades de um autor literário. Praticamente a palavra foi criada para explicar Pessoa e suas pessoas. O senhor das palavras ganhou uma palavra que o explicasse, ou que tentasse explicar: são várias pessoas que habitam um único poeta. Ao contrário, pseudônimos são vários nomes para a mesma personalidade.

         Heteronímia é o estudo dos heterônimos e o criador do heterônimo é chamado de ortônimo. A lei brasileira protege tanto os pseudônimos quanto os heterônimos.

         Não se contentando em ser só um só Pessoa, criou várias personalidades distintas. Todas com personalidade própria, com estilo literário definido e diferenciado, com biografias próprias. Cada um passou a ser, realmente, uma pessoa completa. Os mais destacados foram Alberto Caieiro, Ricardo Reis e Álvaro Campos.

         Num certo ponto, torna-se até difícil pra quem os lê admitir que eles não eram efetivamente vários, e sim expressões de uma só cabeça. Será mesmo? Pessoa é fruto de uma época com muitas facetas, em que os valores  sociais estavam desabando, diante dos horrores e incertezas da I Guerra Mundial. Para defender a sua sanidade, Pessoa enlouqueceu ligeira e conscientemente e criou personalidades diversas.

         Mais um detalhe importante: seu talento era tão intenso que, efetivamente, não caberia em uma única e limitada personalidade. A facilidade com que conseguia transitar por tantos estilos diferentes só poderia mesmo se manifestar assim, sendo muitos. A busca pela poesia suprema exigia o auxílio de várias pessoas, um esforço conjunto e bem distribuído. Ou seja, cada um seguindo por um caminho.

         Tudo não vale à pena se a alma não for pequena, não é mesmo? Pois bem: o vácuo existência (e artístico) que assolava Pessoa gerou os seus heterônimos. Era na verdade uma necessidade, e não mera excentricidade. E com a vantagem de, assim, conseguir enxergar o mundo sob diferentes pontos de vista, vivenciando as diferentes verdade dos outros. Viver, diria Pessoa, é multiplicar as experiências.
        
         Pois foi assim que o próprio Pessoa explicou os seus heterônimos: “Por qualquer motivo temperamental que me não proponho a analisar, nem importa que analise, contruí dentro de mim várias personagens distintas entre si e de mim, personagens essas a que atribuí poemas vários que não são como eu, nos meus sentimentos e ideais, os escreveria”.
        
         A cada um, Pessoa atribuiu uma formação diferente. Alberto Caieiro, denominado “o mestre”, nasceu em Lisboa em 1885 e morreu em 1915, tuberculoso. Não tinha profissão e vivia de pequenos expedientes. Teria apenas instrução primária e “escrevia mal o português”. Órfão, vivia com uma tia-avó. Era o poeta da natureza e das sensações, tendo a “filosofia de não filosofar”.
        
         Ricardo Reis nasceu no Porto em 18987 e educou-se em colégio de jesuítas. Formou-se em Medicina e estudou as ideias e costumes da Grécia antiga. Monarquista, emigrou para o Brasil após a instalação da república em  Portugal. Era um intelectual lúcido e consciente, “aceitando o caráter efêmero da vida”.

         Álvaro de Campos nasceu em Tavira, em 1890. Formou-se em Engenharia Naval na Escócia e era homem viajado, conhecendo inclusive o Oriente. Dedicou-se à literatura em Lisboa e gostava de intervir em polêmicas literárias e políticas. Defendia o modernismo e o futurismo.

         Fernando Antonio Nogueira Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888, em Lisboa e cresceu na África do Sul. Foi empresário, jornalista, tradutor, publicitário e ativista político, entre outras coisas. Morreu de cirrose hepática aos 47 anos., em Lisboa É considerado ao lado de Camões o “legado da língua portuguesa ao mundo”, segundo Harold Bloom.

                                      POEMAS


     Longe de mim em mim existo.
         À parte de quem criou,
         à sombra e o movimento em que consisto.
(Longe de mim em mim existo, Fernando Pessoa).


         Basta pensar em sentir
         Para sentir em pensar
         Meu coração faz sorrir
         Meu coração a chorar
         Depois de parar de andar
         Depois de ficar e ir
         Hei de ser quem vai chegar
         Para ser quem vai partir.
(Basta pensar em sentir, Fernando Pessoa).


         Há metafísica bastante em não pensar em nada.

         O que penso eu do mundo?
         Sei lá o que penso do mundo!
         Se eu adoecesse pensaria nisso.
         .........

         O único sentido íntimo das cousas
         É elas não terem sentido íntimo nenhum.

         (fragmentos de V, de O Guardador de Rebanhos, Alberto Caieiro).


         Pelo Tejo vai-se para o Mundo
         Para além do Tejo há a América
         E a fortuna daqueles que a encontram.
         Ninguém nunca pensou no que para além
         Do rio da minha aldeia.
         (fragmento do poema XX de O Guardador de Rebanhos, Alberto Caieiro).


         Desenlacemos as mãos, porque não valer a pena cansarmo-nos.
         Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
         Mais vale saber passar silenciosamente
         E sem desassossegos grandes.
         (ode sem título, Ricardo Reis).


         À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica
         Tenho febre e escrevo
         Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto
         Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.


         Ó rodas, ó engrenagens r-r-r-r-r eterno!
         Forte espasmo retidos dos maquinismos em fúria!
         Em fúria fora e dentro de mim,
         Por todos os meus nervos dissecados fora,
         Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto”
         Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos
         De vos ouvir demasiadamente de perto,
         E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
         De expressão de todas as minhas sensações,
         Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas (.....)
         Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
         Porque o presente é todo passado e futuro.
         (fragmentos de Ode Triunfal, Álvaro de Campos).


         O poeta é um fingidor.
         Finge tão completamente
         Que chega e fingir que é dor
         A dor que deveras sente.
         (fragmento de Autopsicografia, Fernando Pessoa).

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Os nomes do Brasil

Lane Valiengo

         Muito antes de aqui chegarem os conquistadores portugueses e espanhóis, além dos corsários, dos espertalhões e dos flanelinhas, o que hoje conhecemos por Brasil era chamado candidamente de “Pindorama”. Trata-se de uma expressão tupi-guarani (pindó rama ou pindó retama) que significa “terra/lugar/região das palmeiras”. Esse nome pré-cabralino revela a simplicidade da vida dos índios e sua visão de mundo, logicamente. Um lugar generosamente ocupado por imensas árvores, só podia mesmo ter um nome que fizesse alguma referência a tanto verde. Além do mais, em se plantando, tudo dava, tudo nascia e florescia, na visão do escriba lusitano.
        
Logo em seguida começaram os desmatamentos e as queimadas.

         O curioso é saber a razão de, havendo tantas espécies majestosas, os índios escolherem logo a palmeira como símbolo. Lembrem-se: palmeira não dá sombra, não dá frutos e não é das mais virtuosas inimigas das emissões de carbono. Convenhamos: os índios deveriam lá ter suas razões. Talvez já conhecessem os versos fatais, “minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá....”.

         Foi então que chegaram os europeus e trataram de impor o nome de Ilha de Vera Cruz. Típico comportamento de quem pensa primeiro em acumular posses e bens. “Isso aqui é meu eu chamo como quiser...”. Como se sabe muito bem, o capitalismo colonial era regido pela força da ganância desmedida. Terra boa era terra que tinha ouro e prata. Por causa desses metais, os incas foram dizimados e muita gente boa acabou morrendo antes de ver Pelé tabelando com Coutinho.

         Mais ainda: ao chamar aquela terra de “ilha”, estavam apenas comprovando a sua (sua deles, os exploradores) falta de visão e preguiça mental. Quem é que chama de ilha um continente desses? Se ao menos existisse na época o Google maps... E por que não deram uma olhadinha além das serras, além da Bahia, meu rei, para avaliar o tamanho da encrenca?

         Quanto ao “Vera Cruz”, traduz o predomínio do pensamento religioso, a força da Igreja, logicamente, mas também uma espécie de defesa mental: ao invocar a religião, sentiam-se eles protegidos espiritualmente quanto a ameaças que a terra desconhecida poderia apresentar. Tipo a tabela do Imposto de Renda ou a idade mínima para aposentadoria. Na verdade, chegaram chegando e mandando em tudo. Subjugar e explorar eram os pecados dos quais pediam absolvição antecipada, em nome de El Rei e de Deus!

         Pois, aconteceu então o “achamento” (termos usado na época) do Brasil. O achatamento do Brasil viria depois, por meio de expedientes bem mais refinados, porém não menos perniciosos. Usura é usura em qualquer parte, só mudam os tipos de banqueiros e os nomes dos golpistas...

         Pergunta inocente: o Porto era Seguro mesmo ou esqueceram de contratar vigilância particular? Ou será que deram aquele nome ao tal porto só de medo de seguir em frente? Calmaria, é....

         Quando as naus foram percorrendo a costa, a partir do Nordeste e do Monte Pascoal, chegaram à conclusão que aqui ali era só um pedaço do Brasil, ôô, e que de ilha não tinha nada. Quem bom, devem ter pensado, dá até para fazer latifúndios decentes.... (existe latifúndio decente?). E o que era ilha (nenhum homem é uma ilha, logo alguém decretou...), virou “Terra de Santa Cruz”, com um aviso em cima: “Não entre, propriedade particular”.
        
         A necessidade de colocar um nome qualquer era uma clara tática de guerra comercial: nomeando a “terra chã”, garantiam-se os direitos de propriedade (não se pensava ainda em reforma agrária...) e afastava-se a concorrência, no caso os espanhóis e, ainda asseguravam-se futuras navegações e divagações, milhagens de bônus garantidas. Só faltou colocarem uma placa de trânsito, avisando:”Aqui, em breve, talvez um país...”.

         Logo abaixo, uma plaqueta: “Precisam-se cartógrafos. Paga-se salário mínimo”.

         Como Vera Cruz seria um interessante ponto de passagem a caminho das Ilhas Molucas, na Oceania, e  das Índias Orientais (especiarias, incenso e mirra, ôba!), um tucano pousado numa árvore próxima logo sugeriu um pedágio.

         Os nomes foram se sucedendo, provavelmente porque o departamento de marketing não os achava nem um pouco comerciais. Terra Nova, Terra dos Papagaios (êpa! chama o Ibama!), Terra de Santa Cruz e Terra do Brasil, entre outros menos votados.

         A verdade é que os sábios econômicos (nos dois sentidos) da Corte Portuguesa não estavam muito animados, porque ainda não haviam notícias sobre os metais preciosos e as ações da Petrobrás ainda não estavam disparando. Assim, o Brasil ficou durante um bom tempo sem merecer maiores atenções, só recebendo aqueles contingentes de condenados por pequenos furtos. Mal sabiam eles que esta prática se tornaria um dos esportes prediletos de grande parte da futura população brasileira. Como sê vê, tudo é uma questão de DNA...

         Como sempre acontece, e assim caminha a humanidade até hoje, descobriu-se que a tal árvore chamada pau-brasil servia para tingimentos e logo pensaram em uma atividade econômica em larga escala, além do açúcar, do sal e dos precoces craques de futebol. A exportação só não foi maior por causa das barreiras protecionistas de alguns países enciumados. Mas de tanto levar pau, começaram a falar só Brasil. Mais uma vez, o mundo se curvou a uma necessidade econômica. E o Brasil mostrou a sua cara, enquanto os índios saíram dançando e cantando “quero ver quem paga pra gente ficar assim, Brasil! Qual é o teu negócio, o nome do teu sócio....”.

         Extraoficialmente, tentaram grudar aqui o nome de país do futuro. Sempre do futuro, nada de presente. Quase colou...

OS NOMES QUE O BRASIL RECEBEU
*PINDORAMA

*ILHA DE VERA CRUZ

*TERRA DE SANTA CRUZ

*TERRA DO BRASIL

*BRASIL

*REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mudar prá que?

Paulo Matos

Sim, há os que não mudam porque acham que já se faz tarde. Na desesperança das frustrações obtidas com o mau desempenho em várias atividades colou-se o fracasso. E esse mau desempenho na maioria das vezes seja por inadaptação ao exercício funcional, ou seja, não era aquilo o que eu queria fazer.

Você, com esse seu nome era o homem errado a hora errada, no reverso da frase-padrão. E o que provocou esta sensação de roupa apertada demais foi um detalhe, seu nome, por exemplo.

O nome era longo demais ou hilário demais e você ganhou logo um apelido que detesta, pode ser “xexéu” ou “xuxú”, para dizer o menos. E cada vez que você ouve aquilo sente arrepios. Seu ofício lhe obriga a relacionar-se e atender pessoas, então todos lhe chamam daquele jeito...

Nem mesmo a namorada recém-conquistada escapa do tipo que lhe irrita. Um dia ela telefona para seu serviço e alguém lhe chama “Ô xexéu! Telefone!” e pronto, toda uma montagem que você fez vai pro espaço. Seja você o Aristófanes da comédia ou o Sófocles da tragédia.

Quando você vai ao encontro da bela, perfumado, arrumado, penteado e com palavras belas na boca para dizer a ela, ouve um “Xexéu” e, desarrumando a gravata, apronta-se para um esculacho. Você já tem mais de trinta anos e está sendo vítima desse título pouco honroso durante boa parte deste tempo, de sua vida, de sua trajetória.

Você simplesmente não agüenta mais, sente necessidade de mudar de vida, de lugar, de roupas, de cidade, mas o que você precisa mudar não é isso. Você precisa sim mudar é de nome, que afinal é de rótulo, pois você não é nenhum xexéu para carregar nas costas algo que não lhe acrescenta e sem lhe subtrai em todas as ocasiões em que você se apresenta, seja pela manhã no serviço ou à noite em atividades sociais.

Quem diria uma visita ao Dr. Gerson, o chamado “cirurgião plástico do nome” e está tudo resolvido. Seu nome é seu direito e você pode mandar nele, não o contrário, você não tem que apanhar dele e achar que “isso é coisa do destino”.

Você pode e deve sim mudar de nome na medida em que ele se torna através dos tempos o argumento de face para sua formatação em tempos de internet, de apresentação anterior à presença quando se escolhem as pessoas não pelo que elas são, mas pelo que parecem.

Não adianta dizer “tristes tempos estes” porque isso atesta uma realidade, mas não a transforma nem qualifica a intenção do que você acha que deveria ser. Haja conscientemente na qualificação do que você tem de mais importante, que é a sua foto 3x4, que se não tiver um título bom irá ser desprezada como um Xexéu qualquer.

É inconsciente, sobretudo para o brasileiro, ironizar o próximo. E todos agem assim, com querer ou sem querer. Ao se apresentar como Xenofonte ou Alcebíades, não há como evitar mesmo para diretores de teatro grego: é sarro na certa. E a cada um que este primeiro sujeito vai lhe apresentar ele vai destacar essa sua “particularidade”.

Esta “particularidade” que já lhe é sinistra, aborrecia, trágica como uma peça de Sófocles – estes que representaram o que de mais inteligente a cultura criou, mas hoje estão na linha do ridículo. É o juízo comum, o que fazer? Matar a todos não adiante, porque após o primeiro ou o segundo vão descobrir este Xexéu matador. É mais fácil mudar o nome e alterar seu destino, mudar a história e fazer o futuro.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

TODOS OS NOMES DOS PRESIDENTES

Lane Valiengo
O Poder tem muitos nomes. Para muitas pessoas, poder e ambição pessoal têm o mesmo nome. Para outras, poder é somente o apelido dado à fisiologia. E alguns sonhadores ainda esperam que o poder seja o caminho para a transformação. Entre utopias e ideologias, muitos tentaram chegar ao Poder de fato no Brasil, representado pelo cargo de Presidente da República. Enquanto a modernidade verdadeira não aporta por aqui, muitos acreditam que aquele que ocupa a cadeira de Presidente é quem deve salvar a todos nós, expurgar nossos pecados e nossas falhas, inaugurar uma era de riqueza e felicidade e tornar-se o pai de todos. Um herói, acima de tudo.

Todos eles deveriam ser grandes estadistas. Muitos deles porém não chegaram nem perto disso, enquanto outros se esforçaram para atrasar a democracia e adiar o futuro.

Porém, cada um deles faz parte da nossa História, para o bem ou para o mal. Alguns nomes, com o tempo, valorizaram-se, tornaram-se extremamente respeitados. Outros só ficaram pomposos. E outros mais só provocam ojeriza e raiva.

A História e a memória popular transformaram alguns nomes em algo muito feio de se pronunciar.

Alguns hoje são nomes de raças, ruas, avenidas, estradas. Outros não passam de notas ao pé da página. Alguns fizeram muito bem em sair das ossas vidas. Outros, como Getúlio Vargas, saíram da vida para entrar na História.

Saiba quem foram os presidentes do Brasil, em ordem cronológica:

* Deodoro da Fonseca –15/11/1889 a 25/2/1891
                                       25/02/1891 a 23/11/1891

* Floriano Peixoto – 23/11/1891 a 15/11/1894

* Prudente de Moraes – 15/11/1894 a 15/11/1898

* Campos Salles – 15/11/1898 a 15/11/1902

* Rodrigues Alves – 15/11/1902 a 15/11/1906

* Affonso Penna – 15/11/1906 a 14/6/1909

* Nilo Peçanha – 14/6/1909 a 15/11/1910
                      
* Hermes da Fonseca – 15/11/1910 a 15/11/1914

* Wenceslau Braz – 15/11/1914 a 15/11/1918

* Delfim Moreira – 15/11/1918 a 28/7/1919

* Epitácio Pessoa – 28/7/1919 a 15/11/1922
                           
* Arthur Bernardes – 15/11/1922 a 15/11/1926

* Washington Luiz – 15/11/1926 a 24/10/1930

*Júlio Prestes – eleito porém não empossado.

*Menna Barreto – 24/10/1930 a 3/11/1930 (Junta governativa).
                           
*Isaías de Noronha – 24/10/1930 a 3/11/1930 (Junta governativa).

*Augusto Fragoso – 24/10/1930 a 3/11/1930 (Junta governativa).

* Getúlio Vargas – 3/11/1930 a 20/7/1934
                             20/7/1934 a 10/11/1937
                             10/11/1937 a 29/10/1945

* José Linhares – 29/10/1945 a 31/1/1946

* Eurico Gaspar Dutra – 31/1/1946 a 31/1/1951

* Getúlio Vargas – 31/1/1951 a 24/8/1954

* Café Filho – 24/8/1954 a 8/11/1955

* Carlos Luz – 8/11/1955 a 11/11/1955

* Nereu Ramos – 11/11/1955 a 31/1/1956

* Juscelino Kubitschek – 31/1/1956 a 31/1/1961

* Jânio Quadros – 31/1/1961 a 25/8/1961

* Ranieri Mazzilli – 25/8/1961 a 8/9/1961

* João Goulart – 7/9/1961 a 31/3 /1964

* Ranieiri Mazzilli – 2/4/1964 a 15/4/1964

* Castelo Branco (golpe militar) –15/4/1964 a 15/3/1967

* Costa e Silva (golpe militar) –15/3/1967 a 31/8/1969

* Lyra Tavares, Augusto Rademaker e Márcio Melo (Junta Militar) – 31/8/1969 a 30/10-/1969

* Emílio Garrastazu Médici (golpe militar) – 30/10/1969 a 15/3/1974

* Ernesto Geisel (golpe militar) – 15/3/1974 a 15/3/197

* João Baptista Figueiredo (golpe militar) – 15/3/1979 a 15/3/1985

* Tancredo Neves – eleito pelo Colégio Eleitoral, não tomou posse

* José Sarney – 15/3/1985 a 15/3/1990 (eleito como Vice Presidente pelo Colégio Eleitoral)

* Fernando Collor – 15/3/1990 a 2/10/1992

* Itamar Franco – 2/10/1992 a 1º/1/1995

* Fernando Henrique Cardoso – 1º/1/1995 a 1º/1/1999
                                                   1º/1/1999 a 1º/1/2003

* Luiz Inácio Lula da Silva – 1º/1/2003 a 1º/1/2007
                                            1º/1/2007 a 1º/1/2011

* Dilma Rousseff – 1º/1/2011.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Papa recomenda que pais deem nomes católicos a seus filhos

Lane Valiengo

         O Papa Bento XVI afirmou, em 10 de janeiro, durante cerimônia na Capela Sistina, que os fiéis deveriam escolher nomes católicos  para os seus filhos, rejeitando as opções que estão “na moda”, a maioria delas de origem anglo-saxônica. A escolha adequada de nomes cristão, segundo Bento XVI, contribuiria para o “renascimento religioso” das crianças, de acordo com o jornal italiano “Corrieri della Sera”. 

         O Papa exaltou o ato do batismo, dizendo: “Cada criança batizada recebe o caráter de filho a partir de um nome cristão, signo inconfundível de que o Espírito Santo faz nascer de novo o homem a partir do útero da Igreja”.

         Para reforçar a recomendação, o Sumo Pontífice citou exemplos como Francisco, Mateus, João, Pedro, Davi, André, Tiago, Maria, Ruth, Madalena e Sara.

         Mas se depender da maioria dos italianos, Bento XVI pode ficar tranquilo: segundo outro jornal, o “La Stampa”, os dois nomes mais comuns hoje entre os italianos são Francisco e Julia. Entre os dez mais populares, figuram também Alessandro, Sofia e Martina, igualmente considerados “catolicamente corretos”.

         O papa encorajou “todos os fiéis a redescobrirem a beleza de serem batizados” e disse que o batismo é algo secreto porém “poderosíssimo e sobrenatural, pois coloca a criança em comunicação com Deus”.

terça-feira, 5 de abril de 2011

O NOME DO REI

Lane Valiengo

         “Lá vai o atacante em velocidade, passa por um, por dois, passa por três, prepara o chute e....DEFENDE BILÉ! Espetacular defesa de BILÉ!”.

         Bilé era goleiro do time amador do Vasco de São Lourenço, de Minas Geraes. O verdadeiro nome de Bilé era José Lino da Conceição Faustino. Mas seu apelido, provavelmente, é a razão do surgimento de uma das marcas mais conhecidas da Humanidade: Pelé, o maior atleta de todos os tempos. Dondinho (João Ramos do Nascimento), o pai de Pelé, jogava no Vasco de São Lourenço, no Sul de Minas, distante cerca de cem quilômetros de Três Corações, aonde  nasceu Edson Arantes do Nascimento. Dondinho jogou com Bilé até ser contratado pelo Bauru Atlético Clube.

         E então a História se fez...

         O garoto Edson – que também foi conhecido como Edinho, Dico e, depois, Gasolina – às vezes gostava de jogar no gol, nas peladas entre a garotada. E fazia questão de “irradiar” as suas belas defesas, usando exatamente o nome de um de seus ídolos, o goleiro Bilé, a quem procurava imitar: “Segura Bilé!!!!!!”. Edson, o Dico, era bom também no gol. Mas ficaria conhecido justamente por fazer gols, e não evitá-los. Fez mais de mil e duzentos gols, tornando-se o maior artilheiro de toda a História do Futebol.

         Dico também assistia os jogos de seu pai e ficava torcendo nas arquibancadas pelo goleiro Bilé e suas grandes defesas.

         De Bilé – nome que a meninada tinha certa dificuldade em pronunciar – para Pelé, foi um pulo. Ou melhor, um chute... O próprio menino Dico não conseguia falar Bilé, era Pié, Pilé ou Plé, que logo viraram uma coisa só: Pelé!

         E todo mundo começou a chamar o garotinho de Pelé...

         Esta é certamente a mais coerente explicação para o surgimento do nome (ou apelido) Pelé. José Macia, o Pepe, o grande ponta-esquerda, porém, diz que ouviu certa vez que o nome Pelé surgiu do som do chicote no lombo das éguas que puxavam charretes: Plé! Plé!Plé!

         Não parece crível, ainda mais sabendo-se que Pepe é um dos maiores
contadores de histórias bem humoradas sobre o futebol. Seus “causos” já renderam inclusive a autoria de livros só com situações futebolísticas engraçadas.

         Engraçado mesmo é que o menino Dico não gostou quando seus companheiros começaram a chamá-lo de Bilé e, em seguida, de Pelé. Ele achava o nome meio infantil. Logo ele, que recebeu o nome Edson (na certidão há um “i” a mais, Edison) em homenagem ao grande inventor Thomas Edison...

         Mas quanto mais ele reagia, mais o apelido  pegava. E assim ficou. Quando chegou ao Santos, começaram a chamá-lo de “Gasolina”. Não pegou. Era melhor mesmo atender por Pelé...

         E o apelido simples, pequeno e sonoro ajudou, e muito, na popularização do maior camisa dez de toda a História, pelo mundo afora.

         A constatação que resta é que Pelé não nasceu em Três Corações. Foi o Edson que nasceu lá. O Pelé nasceu mesmo em São Lourenço, na beira de um campo de futebol, e cresceu em Bauru...

         Algumas pessoas gostam de complicar os fatos e buscar interpretações místicas para tudo. Por exemplo: em hebráico, Pelé se confunde com a expressão Péle, assim mesmo, com o som aberto no primeiro “e”. A tradução seria “maravilha”. Ou “prodígio”, ou “milagre”. Um substantivo que fala de algo transcendente, um grande feito, uma coisa espantosa.

         Pois Pelé não foi exatamente isso?

         Melhor porém é ficar com a definição do Sunday Times: sabe como se pronúncia Pelé? É assim: D-E-U-S!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

OS CRISTÃOS NOVOS E A MUDANÇA DO NOME

Lane Valiengo

                   Sobreviver é preciso, acima de tudo.

                   Pensando assim, milhares de judeus europeus trocaram seus nomes, para escapar à perseguição movida pela Santa Inquisição. Essa verdadeira etimologia da sobrevivência incluiu a conversão à religião católica, em Portugal e na Espanha. A consequência óbvia é que muitos judeus fugiram para o Brasil, pensando provavelmente que aqui a Inquisição não os alcançaria.  

                   Isabel de Castela e Fernando de Aragão, reis católicos de Espanha, expulsaram os  judeus em 1492. Cerca de 60 mil deles não aceitaram se converter ao catolicismo e fugiram para Portugal. Para permanecer, foram obrigados a pagar quantias elevadas à Corte. Em 1497, apesar da tolerância do rei Dom Manuel, uma lei impôs a expulsão dos judeus. Para evitar a evasão de capital, a Coroa decretou conversão forçada de muçulmanos e judeus ao Cristianismo. Surgiu então a denominação de “cristãos novos”.

                  Mas o “Massacre de Lisboa”, revolta popular contra os judeus, insuflada pelos frades dominicanos, fez com que muitos cristãos novos abandonassem Portugal. Fugindo da “Santa Inquisição” e da ira do “Santo Ofício de Roma”, eles começaram de fato a colonização do Brasil.

                   Um ano após o descobrimento, uma expedição exploratória chegou em terras brasileiras, com três embarcações sob o comando de Américo Vespúcio. Este relatou ao Rei Dom Manuel que não haviam  no Brasil metais ou pedras  preciosas. Sem ouro e prata, pensou o Soberano, o melhor seria arrendar o Brasil para um grupo de homens de negócios. Assim, a primeira concessão coube a uma associação de cristãos novos, encabeçada por Fernando de Noronha.

                   Outros detalhes comprovam que os judeus foram os responsáveis pela colonização inicial, de fato: os principais oficiais da armada de Pedro Álvares Cabral eram cristãos novos, incluindo o próprio Cabral. E antes de Martin Afonso de Souza fundar São Vicente (que já existia...),  andava por aqui o polêmico “Bacharel”  de Cananéia, provavelmente um cristão novo exilado em terras brasileiras. As diversas interpretações existentes dizem que o Bacharel seria Cosme Fernandes, Gonçalo da Costa ou, conforme prefere o historiador Candido Mendes, o Bacharel não seria outro a não ser o próprio João Ramalho (também um cristão novo).

                   Alguns defendem a tese de que, nas descrições sobre o descobrimento do Brasil, quando se fala em “portugueses”, na realidade seriam os judeus os verdadeiros protagonistas. Segundo Marcelo M. Guimarães, de 1503 a 1530, milhares de cristãos novos vieram para o Brasil.

                   Em 1531, Roma indicou um Inquisidor Oficial para Portugal e em 1591 um oficial da Inquisição foi designado para a Bahia. Em 1624, foram processados os primeiros 25 judeus brasileiros.

                   Foram eles: Ana Alcoforada, Heitor Antunes, Beatriz Antunes, Ana da Costa, Brites da Costa, Manoel Espinosa Dias, Paula Duarte, Diogo Laso Gonçalves, Catarina Favella, Beatriz Fernandes, Diogo Fontes, Lopez Matheus Franco, Diogo Lopez, Guiomar Lopez, Salvador da Maia, Henrique Mendes, Antonio Felix de Miranda, João Nunes, Ana Rois, João Pereira de Souza, Beatriz de Souza, Bento Teixeira, Diogo Teixeira e André Lopes Ulhoa. Esta relação encontra-se na Torre do Tombo, em Lisboa.

                                      A verdade dos nomes

                O que realmente nos interessa é a questão da troca dos nomes. Forçados a abandonar o judaísmo e a repudiar os postulados hebreus, mesmo assim foram vítimas de perseguições, humilhações, e torturas durante três séculos, sem contar os que foram lançados às fogueiras.

                   Segundo o livro “As raízes judaicas no Brasil”, de Flávio Mendes de Carvalho, por ocasião da conversão os cristão novos adotaram nomes de cristão antigos, o que significa que os sobrenomes, por exemplo, não necessariamente são de origem judaica.

                   Há uma falsa crença, no Brasil, de que os judeus escolheram tipos específicos de nomes, como plantas, vegetais, frutos e animais. Trata-se de mito: pode ser ou pode não ser. Muitos escolheram nomes absolutamente comuns. Mas a pesquisa de Mendes de Carvalho aponta nomes variados, que vão desde Abreu, Affonso, Ayres, Aguiar, Azevedo e Antunes, até Vale (ou Valle), passando por Azevedo, Bacelar, Baptista, Barbosa, Lobo, Macedo, Machado, Oliva, Paixão, Pacheco, Passos, Paz, Lago, Laguna, Leal, Lima, Leão, Jordão, Julião, Cruz, Cunha, Marçal, Martins, Caetano, Céspedes, Carneiro, Taveira,  Pimentel, Rosas, Rocha e etc.
                  
                   O que resta é a constatação de que o episódio representa talvez a maior mudança de nomes em massa da História Ocidental.

                   Tudo por uma questão de sobrevivência.