terça-feira, 5 de julho de 2011

O nome do craque Eduardo


Lane Valiengo
 
O nome dele é Eduardo Gonçalves de Andrade, nascido em Belo Horizonte em 25 de janeiro de 1947. Médico por formação, comentarista esportivo por vocação.  Foi um dos mais completos jogadores de futebol de todos os tempos, marcando uma época atuando pelo lendário time do Cruzeiro dos anos 60. Pentacampeão mineiro, campeão da Taça do Brasil em 1966, ganhando do Santos de Pelé por duas vezes. Campeão mundial pela Seleção Brasileira em 1970, foi peça fundamental naquela que muitos especialistas consideram a melhor da história.

        Abandonou o futebol por causa de uma lesão ocular.

        Nos campos, o nome de Eduardo era Tostão, o cérebro, o artilheiro, a lenda, o gênio.

        Tostão é o nome popular da antiga moeda de níquel que valia cem réis (mais tarde, da moeda de dez centavos). Os dicionários ainda registram que tostão é “golpe com o joelho nos músculos da coxa”, também conhecida no futebol como “paulistinha”. No Rio de Janeiro, os pingos de chuva são chamados também de tostão.

Silva, o sobrenome mais usado do Brasil

Lane Valiengo
     
         Tem muito Silva no Brasil. É tanta gente que virou consenso: é o sobrenome mais usado do País. Até o Presidente da República anterior é Silva. A Marina também é. O Orlando era. A Editora Abril pediu um levantamento à Telefônica e descobriu que, em São Paulo, existem quase trezentos mil silvas.

              A grande questão é: por que tem tanto Silva por aí?

         O site Mundo Estranho cita o genealogista Carlos Barata, autor do “Dicionário de Famílias Brasileiras”, para expor a tese de que o sobrenome, além de ser muito comum em Portugal, foi incorporado ao nome de milhares de escravos africanos trazidos ao Brasil. Xica é só um exemplo. Além disso, muitos portugueses que chegaram ao Brasil, nos tempos coloniais, passaram a usar o Silva como forma de anonimato.

         A utilização de Silva como sobrenome tem origem portuguesa e provavelmente designava proprietários de terras. Existem estudiosos que desenvolvem a ideia de que a palavra se referia aos habitantes das florestas. Silva, na verdade, significa “selva, mata, floresta”, em latim.

         Além de Silva, aparecem entre os sobrenomes mais comuns no Brasil os “Santos”, os “Oliveira”, os “Souzas” e os “Lima”. Entre eles, o único que não tem origem lusitana é “Cavalcanti”, que é italiano.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Reflexões nº 5 - Revirando obituários, parentescos, nomes estranhos e antigas tristezas


Lane Valiengo
   
        Eles são muitos:

       Carinéia, Sender, Geralda Bahiense, Leobina, Dozxnda, Valdite, Aurino, Claudilaine, Gileide, Gildirene, Josefa Cisterna, Carmelinda Vinho, Oraide, Kleya, Rozires, Maka, Rosenildo Caitano, Floriza, Jordalina, Maria Cidalisa, Taimundo, Helvina, Eulógio, Edona, Carivaldo, Divo, Francisca Sérvola, Guarani, Taniara, Laniara, Cananeia Joana, Mardinha, Ascêncio, Aderico, Vicência Bela, Gilza Broutos, Adjar, Zilaflora, Adjalma, Maria Berila, Ignez Rego Pinto, Vasty Maria.

        Edjaneide, Felismina, Castorina, Adília, Elianete, Luciete, Luzia Modica, Lani, Felisnima, Ida Lie, Renieide, Keyte, Minicarla, Marcionilho, Lindinaldo, Jardilina, José da Hora, Acleciano, Josicleia, Janolio, Marcilene, Nézia, Glícia, Maria Santos da Cruz, Giroldo, Olival, Santeiro, Bertolina, Aldenir, Ludovina, Reinilza, Renivalda, Divina Poli, Azair, Carméli, Deisa, Maxson, Maxsoud, Wedison, Wellima, Eleir, Elza Ansejo, Bendito Aurélio, Glymphaine, Rosevaldo, Capitolina Pinto, Thawane, Fabiene, Itajaci, Lindazi Mangifeste, Rozindo, Felisminmo, Wandercélia,  Waldeli, Waldiza, Arjair, Edileusa, Melquida.

        Aneri, Nilia Seidental, Eclésio, Salvandira, Florita, Horto José, Naide, Adelirio, Umbelina, Laudiceia, Laudeni, João Sardinha, Givalda, Suzel, Jusaque, Euflasina, Alcio, Marigilda, Páscoa Galeco, Adi, Iron, Eliçandro, Idelino, Ilva, Irlan Rusemir, José Honrado, Aliete, Tuani, Laurilene, Malvina do Espirito Santo, Oldemir, Otamir, Adeildo, Edicélia, Edilde, Silvanete, Jalva, Adelaido.

        Dalney, Henilda, Lindlay, Lucimário, Maraelvira, Neirir, Krislley, Krisllene, Dfinair, Flausina, Aremita, Onildes, Geicimara, Auricleia, Akaline, Unilda, Greizy, Graece, Regilene, Ruan, Urânia, Weverton, Wevely Moisés, Drielli, Auristela, Eremita, Oldack, Onília, Michaela Corisco,  Gutardo, Delorme, Minnime Mandela, Caryce, Valdilene, Valdecila, Geralnice, Francimara, Gesival, Maridalva, Yuglen, Givalniso.

       Está feita a demonstração da extrema necessidade da escolha por parte dos pais de nomes adequados, sonoros, sensatos, inteligíveis, não depreciativos, etc e etc.

Reflexões nº4 - Dá para imaginar o tamanho do constrangimento?

Lane Valiengo
      
       Inês viveu 61 anos de uma contradição: seu sobrenome era Lindinho, assim, no masculino. Asenilson era metalúrgico. José Pião manteve a brincadeira e deu o nome de Joaquim Pipa ao filho. A família Trindade batizou sua filha com o nome de Santa.

         Benonília era filha de Cacimiro. Pode-se dizer que o nome dela carregava o congraçamento de classes: Maria Servo Reis.  Nicksia estava com 74 anos. Saionara tinha Netto como sobrenome, indicando uma certa insistência. Detalhe: ele deu seu sayonara cedo, aos 32 anos. Vivência viveu até aos 78 anos.

         Virgolina, filha de Delcídia, devia ser valente. João Coroado não viveu como rei. Isvalter era pedreiro. Antonio Sanção foi um forte ou um legalista? Marlene Sauda saldou seus débitos com a vida. Lédea foi vítima de um pequeno engano.

         Widnes Picosse era piloto de avião e foi longe. Zulmira Herária economizava. Dijalda deixou oito filhos, todos com Francisca ou Florentino no nome. Assem comerciou muito. Espera-se que Maria Stela Barco tenha encontrado calmaria. Olga Titionic poderia ter naufragado.

         Herbert Wood casou com Maria de Carvalho. O Tribunal de Justiça citou Albino Pinto Órfão. Maria Cacheiro era viúva. Felicindo trabalhava com empilhadeiras. Renauld era médico.

         Thereza Lista era organizada. Como todo oriental Ng era suscinto, às vezes minimalista. Naimo Aum construía. Maria Belas era uma só. Sonego era só o sobrenome de Eduardo, sem segundas intenções.

         Creunice era mãe de Dival.  O sobrenome de Eurídia era Raposo. Manuel Ganança era também Inocêncio. E Queta Fernanda chegou aos 96 anos.

         Britivaldo era funileiro e Olendina colocou o nome de Rubenita em uma das filhas. Cláudio Saborito provou muita coisa e Gorque Nunes partiu em novembro de 2010, quando estava com 89 anos. Wu Woci era um exemplo de concisão e Minervino era misericordioso.

         Ana Lídia Jardinetti cultivou bons sentimentos. Washington deixou as filhas Roslane, Onesia e Loreneide. E Filadelfo se foi uma semana depois de Jeifer. Carlos Alberto era filho de Oscarlina. Layane viveu só um ano.

         Capitulina viveu aos poucos. Lealdo vigiou. Saada escapou. Alanilde partiu. Luzival era filho de Luiz Beato. Amadeu Pinto Órfão ficou sem sua Yolanda. Idantina esperou até março. Renata era filha de Erito. Redilmar era autônomo. Paulo Abate era militar. A ascensorista Saturnina ascendeu. Norma Virtuoso Porto acreditava muito na sua cidade.

         Além de se chamar Raimunda, o seu sobrenome era Cederboon. Valdice auxiliava os enfermos. Maria Alzenora era casada com Valdeque Gomes. O filho de Francisca Modestina foi embora sem alarde. Percina poderia ser personagem de novela. Iris era filha de Alborina. Miria era um caso de economia. E Ney Faria Batalha não luta mais.

         Leurides se desquitou. Oswaldo era filho de Titolina e Edivaldo batizou um dos filhos com o nome de Benqueize, o médico televisivo. Viviane deixou o filho Lanay. Jessileine Epiphanio secretariava. Noêmia era filha de Rozeno. José era casado com Aliete Valida de Jesus. Geanini era esposa de José Mineiro. Francisca das Chagas deixou o filho Maxideles. E Arione Faria fez.

          A todos, nossos sinceros respeitos...

Reflexões nº 3 - Como é triste perceber quanta gente sofreu nesta vida por causa

Lane Valiengo

Donartilha Freitas viveu 76 anos com esse nome. Não precisava. Alguém sentiu remorso? De qualquer forma, tudo se resolveu em março de 2011.

O que pode esperar da vida alguém chamada Viginalda Santos? Pelo menos, sonhar é permitido. Dá até para imaginar quantos constrangimentos ela foi obrigada a passar durante os seus 75 anos, que se acabaram em abril de 2011. Triste, não?

Azair Moraes foi embora no mesmo dia de Viginalda, em abril de 2011, 75 anos depois de receber este nome e de ter criado seus sete filhos.

        Marília Carrega carregou um sobrenome pesado por longos anos, até abril de 2011. A costureira Soeli Silva bordou sua vida por 63 anos e se foi no mesmo mês, em 2011. Por que alguém não permitiu que ela fosse simplesmente uma Sueli?

        Com dignidade a toda prova, Perpendigna Gomes suportou tudo até o dia 25 março de 2011, quando encerrou sua passagem, aos 83 anos. Dividiu o fardo com sua mãe, que tinha o mesmo nome.

        Não havia necessidade alguma de se criar uma versão feminina do Salvador. Mas Jesusa Gonzalez Lorenzo carregou essa cruz durante 85 anos. A filha de Blandina se foi em 25 de janeiro de 2011. Oremos...

        Quem suporta nome esquisito durante a vida toda tem preferência para entrar no céu? Se assim for, Anaeire de Oliveira, que lá chegou em 24 de dezembro de 2011, depois de apenas 46 anos por aqui, mereceria todas as honras possíveis.

        Gulenia Kerenian chegou aos 101 anos, interrompidos em 8 de janeiro de 2011.

        Sodade Simões certamente foi vítima de um problema de sotaque e falta de discernimento. Não se sabe se ela sentia falta de alguma coisa. Foi embora em 16 de janeiro de 2011.

        Uma troca de posições entre letras selou o destino da vida de Jario Sérgio Alexandre. Mas ele não deve ter achado nada esquisito, pois batizou um filho da mesma forma. Também partiu em 16 de janeiro de 2011, aos 68 anos. Era filho de Emerentina Gertrudes.

        O estivador Manoel Diveiros era conhecido como Maneco da Paca. Resolveu ir para outro lugar em 16 de janeiro de 2011, aos 78 anos. Um pouco antes, foi embora Clara Diluvina Dias de Almeida.

        Entalhando madeira, Antonio Carlos Pelas cumpriu sua missão por apenas 43 anos. Seu adeus aconteceu também em 16 de janeiro de 2011.

        Birde de Aquino Barroso foi motorista. Acelerou pela última vez em 2 de fevereiro, aos 76 anos.

        Genyta Alves passou perto. Foi-se em 2 de fevereiro de 2011, quando estava com 76 anos.

        Qual a origem do nome Oridea? Qual a ideia da família Fernandes Aguiar? Aos 70 anos, partiu em fevereiro de 2011. No mesmo mês, foi a vez de Izualdo Ortega. Estava com 71 anos. Na mesma época, despediu-se o Eutíquio Álvares, aos 70 anos. E todas as missões da missionária Arfisia acabaram também em fevereiro de 2011, aos 95 anos.

        Dorcelina Leal não poderia ter outra profissão: foi doceira de mão cheia. Foi embora em março de 2011, aos 83 anos. Com certeza sentiu como é amargo ter um nome estranho.

Reflexões nº 2 (ou: Que nomes são esses que as pessoas são condenadas a carregar?)

Lane Valiengo

1- Sincero Zanella certamente carregou um estigma durante toda sua vida, que acabou no final de abril, em São Paulo. Quem o conheceu poderá dizer se ele viveu mesmo o seu nome, de verdade. Pois com a verdade não se brinca. Nem com o nome de uma pessoa.

        2- Sisaltina Augusta era viúva.  Ela e seu estranho nome foram embora em novembro de 2010. Os três filhos ficaram.

      3- O pessoal do Cartório poderia ter caprichado e trocado uma letra. Não trocaram e Temoteo José, pedreiro por profissão, certamente foi obrigado a viver colocando um tijolo após o outro. Até que parou, em novembro de 2010. Estava com 76 anos.

        4- Edilaine Rodrigues, que tristeza, partiu cedo demais: só 19 anos. Foi em outubro de 2010. Era filha de Cláudia Edilaine. Seria um caso de crime premeditado?

        5- Porsia Sammartino foi embora no primeiro dia de novembro de 2010. Era comerciante. Estava com 84 anos.

        6- Alaurde Alves era filho de dona Autimia Alves Moreira e do Sr. Manoel Alves de Oliveira. Passou a vida como cozinheiro e preparou sua última refeição aos 58 anos. Foi enterrado em Cubatão.

        7- Sem brincadeira: Credival Marques cumpriu seu destino e foi contador. Sua conta foi fechada em setembro de 2010, aos 58 anos, apenas.

        8- Odanizia Pires viveu até os 91 anos. Era casada com o Sr. Genaro e seus três filhos tinham nomes compostos. Nomes normais. Morreu em novembro de 2010. Será muito lembrada por causa do seu nome.

        9- Damasco Virtuoso foi buscar suas novas virtudes em dezembro de 2007.

        10- Iria Oliveira foi mesmo, em dezembro de 2010, perto do Natal. Tarde demais para pedir um nome novo de presente. Ou o fim dos trocadilhos.

        11- Nelsia Correa também foi em dezembro de 2010, aos 86 anos. Por discrição, não se perguntou o que achava do próprio nome próprio.

        12- Quem são e o que pensavam estas pessoas que tiveram tanto trabalho para fazer seus filhos carregarem cruzes extras?

        13- Não havia ninguém para dar um conselho ou dizer que nomes feios ou inadequados podem ser mudados?

Reflexões e pensamentos vagos sobre alguns nomes estranhos

Lane Valiengo


1

         Um senhor trouxe de Portugal uma bela lembrança: sua esposa engravidou lá e a criança nasceu aqui. O nome que o ilustre senhor escolheu para o filho foi “Souvenir”. Pois Souvenir cresceu, amadureceu, casou e quando nasceu seu primeiro filho, não houve qualquer dúvida: o menino foi batizado de... “Souvenir Júnior!”...
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2
                                     
         Os obituários dos jornais trazem às vezes retratos reveladores da natureza humana. Outras vezes, podem ser cruéis.  Por exemplo: a Senhora Ainda Conceição faleceu aos 75 anos. O sr. Osano também se foi. Estava com 88 anos.
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3

         Alguns são heróis de verdade: Heroíno Augusto carregou esse nome por 92 anos.
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4

         Mas por que será que seu pai, que se chamava José, escolheu o nome de Carivaldo? Sua vida certamente foi uma batalha de 72 anos...
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5

         Os pais de Coxei tinham uma única desculpa: era um nome estrangeiro... O nome é masculino e ele perdeu recentemente sua esposa, Kame Iocura... Ela estava com 83 anos.
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6

         Divo não se contentou com a situação e houve um Divo Júnior. Que conseguiu descansar aos 72 anos.
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7

         A saga de Zenis durou 76 anos. Não chegou ao zênite, infelizmente.
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8

         Só pode ser maldade: publicou-se oficialmente um edital de citação por infração de um homem cujo sobrenome é Esposa. Não bastassem as inevitáveis brincadeiras de mau gosto, ainda é citado publicamente...
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9

         Nossos sentimentos à família de Ulrica... Sim, a vida pode ser muito cruel...
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10

         Juvelina, viúva de Eutímio, nos deixou recentemente.
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11

         Com toda justiça, Amilar estava aposentada. Faleceu agorinha mesmo, aos 92 anos.
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12

         Guvânio tinha apenas 50 anos. O jornal diz que era filho de Amerita e Mabel.
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13
                                     
         Sobrenomes dobrados são até certo ponto comuns. Inusitado é alguém ter o sobrenome Casanova Casanova.
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14

         Taiwan Santos era muito simpática... Estava com apenas quarenta anos e era tosadora. Proprietários de animais sentiram muito.
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15

         Elinaldo Militão era zelador aposentado.
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16

         Jaíra Presa está muito bem, depois de ter superado problemas de saúde, e é nossa amiga. Por favor, nada de brincadeiras. Admite-se apenas boa poesia.
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17

         Atalívio está em recuperação.
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18

         Egne era inspetora. Não tinha poderes para mandar inspecionar as devidas responsabilidades sobre a escolha de seu nome.
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19

         Marinha resistiu durante 71 anos. O oceano da sua vida muitas vezes ficou revolto.
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20

         Maria Andronica era filha de Andronica.
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21

         O sobrenome de Arsênia era Sardinha. Combinação indigesta.
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22

         Dizolete e Dizony perderam a mãe Nair recentemente.
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23

         Heribaldo tinha 60 anos e era jornalista.
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24
         Não importa o quanto o tempo passa, as escolhas continuam descuidadas.
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25

         O processo de escolha de nomes por muitos pais esconde uma crueldade imensa.                
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