terça-feira, 5 de abril de 2011

O NOME DO REI

Lane Valiengo

         “Lá vai o atacante em velocidade, passa por um, por dois, passa por três, prepara o chute e....DEFENDE BILÉ! Espetacular defesa de BILÉ!”.

         Bilé era goleiro do time amador do Vasco de São Lourenço, de Minas Geraes. O verdadeiro nome de Bilé era José Lino da Conceição Faustino. Mas seu apelido, provavelmente, é a razão do surgimento de uma das marcas mais conhecidas da Humanidade: Pelé, o maior atleta de todos os tempos. Dondinho (João Ramos do Nascimento), o pai de Pelé, jogava no Vasco de São Lourenço, no Sul de Minas, distante cerca de cem quilômetros de Três Corações, aonde  nasceu Edson Arantes do Nascimento. Dondinho jogou com Bilé até ser contratado pelo Bauru Atlético Clube.

         E então a História se fez...

         O garoto Edson – que também foi conhecido como Edinho, Dico e, depois, Gasolina – às vezes gostava de jogar no gol, nas peladas entre a garotada. E fazia questão de “irradiar” as suas belas defesas, usando exatamente o nome de um de seus ídolos, o goleiro Bilé, a quem procurava imitar: “Segura Bilé!!!!!!”. Edson, o Dico, era bom também no gol. Mas ficaria conhecido justamente por fazer gols, e não evitá-los. Fez mais de mil e duzentos gols, tornando-se o maior artilheiro de toda a História do Futebol.

         Dico também assistia os jogos de seu pai e ficava torcendo nas arquibancadas pelo goleiro Bilé e suas grandes defesas.

         De Bilé – nome que a meninada tinha certa dificuldade em pronunciar – para Pelé, foi um pulo. Ou melhor, um chute... O próprio menino Dico não conseguia falar Bilé, era Pié, Pilé ou Plé, que logo viraram uma coisa só: Pelé!

         E todo mundo começou a chamar o garotinho de Pelé...

         Esta é certamente a mais coerente explicação para o surgimento do nome (ou apelido) Pelé. José Macia, o Pepe, o grande ponta-esquerda, porém, diz que ouviu certa vez que o nome Pelé surgiu do som do chicote no lombo das éguas que puxavam charretes: Plé! Plé!Plé!

         Não parece crível, ainda mais sabendo-se que Pepe é um dos maiores
contadores de histórias bem humoradas sobre o futebol. Seus “causos” já renderam inclusive a autoria de livros só com situações futebolísticas engraçadas.

         Engraçado mesmo é que o menino Dico não gostou quando seus companheiros começaram a chamá-lo de Bilé e, em seguida, de Pelé. Ele achava o nome meio infantil. Logo ele, que recebeu o nome Edson (na certidão há um “i” a mais, Edison) em homenagem ao grande inventor Thomas Edison...

         Mas quanto mais ele reagia, mais o apelido  pegava. E assim ficou. Quando chegou ao Santos, começaram a chamá-lo de “Gasolina”. Não pegou. Era melhor mesmo atender por Pelé...

         E o apelido simples, pequeno e sonoro ajudou, e muito, na popularização do maior camisa dez de toda a História, pelo mundo afora.

         A constatação que resta é que Pelé não nasceu em Três Corações. Foi o Edson que nasceu lá. O Pelé nasceu mesmo em São Lourenço, na beira de um campo de futebol, e cresceu em Bauru...

         Algumas pessoas gostam de complicar os fatos e buscar interpretações místicas para tudo. Por exemplo: em hebráico, Pelé se confunde com a expressão Péle, assim mesmo, com o som aberto no primeiro “e”. A tradução seria “maravilha”. Ou “prodígio”, ou “milagre”. Um substantivo que fala de algo transcendente, um grande feito, uma coisa espantosa.

         Pois Pelé não foi exatamente isso?

         Melhor porém é ficar com a definição do Sunday Times: sabe como se pronúncia Pelé? É assim: D-E-U-S!

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