sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O escritor que virou adjetivo

Lane Valiengo

         Kafkaniano, dizem os dicionários, é aquilo cujo absurdo e ilogismo sugerem a atmosfera dos romances e contos de Franz Kafka. É a situação que escapa de qualquer lógica ou coerência. É um adjetivo, logicamente. Um adjetivo derivado de um nome próprio.

         Kafka, nome tcheco, significa gralha.

         Franz, variante de Francis, seria aquele que vem da França.

         Franz Kafka, o nome, significa um dos maiores escritores de todos os tempos. Escrevia em alemão: Praga, cidade em que nasceu e viveu durante os seus quarenta anos, pertencia à monarquia austro-húngara.

         Assim pode-se definir Kafka: influenciado por três culturas (tcheca, judia e alemã), atraído pelo realismo e pela metafísica, o encontro da lucidez, da ironia e absurdo. Escritor marcado pela opressão burocrática das instituições e pela fragilidade do homem diante do cotidiano.

         Escreveu livros que influenciaram o mundo moderno e as artes em geral, como "A Metamorfose", "O Processo", "Amerika", "O Castelo", "O Artista da Fome", "Carta a Meu Pai", "Na Colônia Penal" e "Muralha da China" (contos).

         Nasceu em 3 de julho de 1883, em Praga. Morreu em 3 de junho de 1924, em um sanatório em Viena. Estava internado para tratar de uma tuberculose.

         Não foi muito famoso em vida. Suas obras tornaram-se clássicos modernos após sua morte. Ao contrário de seu personagem mais conhecido, Gregor Samsa, que um dia acordou e percebeu que se transformara em um inseto (uma barata), Kafka não acordou para perceber que se tornara conhecido, respeitado, louvado.

         Nem que seu nome virou um adjetivo. Pelo menos quanto a isso, ele está em boas companhia: dantesco, quixotesco, homérico, machadiano, freudiano são a representação de alguns dos nomes mais importante da civilização (sim, Machado também!) que se tornaram bons e eficazes adjetivos.

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