segunda-feira, 27 de junho de 2011

Estalos:a origem da linguagem e dos nomes

Lane Valiengo
 
         A linguagem nasceu no sudoeste da África e as línguas tiveram uma origem única. É o que afirma o pesquisador Quentin D. Atkinson, biólogo da Universidade de Auckland, Nova Zelândia. Ele analisou os sons de línguas faladas no mundo todo e identificou um antigo sinal sonoro, que seria a origem da moderna linguagem humana.

         A descoberta foi publicada na edição de abril da renomada revista “Science”. Porém, de acordo com o “New York Times”, a questão é bastante controversa entre os linguistas.

         Em todo caso, a descoberta é compatível com as evidências de que os humanos são originários da África, a partir do estudo de crânios fossilizados e de antigas amostras de DNA.

         A existência de um antigo sinal comum entre as linguagens é, no mínimo, surpreendente: de acordo com os linguistas, as palavras mudam com os anos e uma língua não poderia ser rastreada até épocas muito antigas. A árvore genealógica das línguas da família indo-europeias (que inclui por exemplo o inglês e o português) teria no máximo nove mil anos.

         Mas Atkinson defende o que deve ser observado são os fonemas, e não as palavras. Consoantes, vogais e tons são os elementos básicos de qualquer linguagem, ele diz, e existe um padrão semelhante em cerca de 500 idiomas falados no mundo. Atkinson encontrou um fato interessante, para dizer o mínimo: quanto mais longe estiverem da África os lugares aonde são falados, os idiomas usam menos fonemas.

         A verdade é que estima-se que tudo começou com estalos, aqueles ruídos produzidos pela boca, língua, garganta, dentes, lábios, tudo ao mesmo tempo. Sim, um simples estalo...

                  Na África, algumas línguas que usam estalos apresentam mais de cem fonemas diferentes. A língua inglesa tem apenas 45, enquanto o havaiano são somente 13.

                  A linguagem teria surgido há 50 mil anos, quando os humanos se dispersaram da África e começaram a percorrer outra terras. A linguagem seria uma das heranças desse movimento migratório, à medida em que a agricultura se desenvolveu e ocupou novas terras, cada vez mais distante. Existem especialistas que vão mais longe e estimam que a origem ocorreu, aproximadamente, há cem mil anos.

                  De fato, os habitantes do deserto africano de Kalahari pertencem a um dos ramos mais antigos da humanidade e seus dialetos são repletos de sons produzidos por estalos.

                                     E OS NOMES?

       Se as alegações de Atkinson estiverem corretas, os primeiros nomes teriam surgido da mesma forma. E se estiver igualmente certa teoria que diz que o Brasil (e todo o Continente...) fazia parte da África e, num dado momento da evolução, desprendeu-se do território africano, podemos brincar de especular e afirmar que de alguma forma, em tempos ancestrais, participamos dessa alegre e sonora brincadeira.

         Se a linguagem nasceu de fonemas em forma de estalo (ou vice versa...), os nomes teriam nascido com a repetição de determinados estalos característicos. Se houvesse uma máquina do tempo eficiente e uma tradução simultânea, até poderíamos dizer (suscetível de milhares de contestações, é óbvio....), que os primeiros nomes (e as primeiras palavras) teriam surgido a partir das características de cada estalo. Seria mais ou menos assim: aquele-que-estala-mais -forte, aquele -que -estala-fino, aquele-que- não-gosta de-estalar, aquele- que- não -sabe-estalar, aquele-que -estala-timidamente, aquele-que só-estala-estridente,  fulano -que -não -sabe-como-é-bom-estalar, sicrano -que- não- para- de- estalar (cala a boca, pela amor dos deuses ancestrais!!!!!) e etc.

         Ou seja, os nomes teriam surgido a partir de manifestações guturais peculiares, que aproveitavam as características pessoais de cada indivíduo.

         Ou então, quando queria se referir ao seu vizinho de savana, um africano esperto poderia convencionar de “chamá-lo com dois estalos curtos, ou longos, ou três, ou quatro (seria a origem dos sobrenomes?), ou cinco para se referir à família inteira, ou um estalo pavoroso para significar que um leão faminto se aproximava velozmente...

         Eles teriam corrido tão rápido e tão longe que, além de ganhar todas as maratonas da época, quebrando todos os recordes, teriam assim chegado a outras terras, outros locais. Aí, começaram a espalhar seus sons de estalos e todos teriam gostado da novidade e, por fim, surgiu a linguagem e com ela todos os nomes do mundo.

         Difícil era memorizar tudo isso e convencer os outros que o seu “dicionário” era melhor e mais prático.

         Portanto, na hora de escolher o nome do seu filho, capriche no estalo e não engasgue. Pois nada pode ser pior que um estalo desafinado, absurdo e feio!

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