quinta-feira, 30 de junho de 2011

Solidariedade a quem sofre por causa do seu nome

Lane Valiengo

Quem sofre por causa de um nome estranho, absurdo ou exótico merece toda a nossa solidariedade, nosso respeito e nossa compreensão.

Alguém que passou a vida inteira sendo chamada de Enerdina mereceria receber um pedido formal de desculpas da sociedade. E ser homenageado com a mudança imediata do seu nome, seja qual for a sua idade.

Reservamos porém a mais séria das indignações contra quem escolhe estes nomes ou os oficiais de registro civil que permitem que um nome infame seja dado a uma criança.

Existem os nomes obviamente absurdos, escatológicos ou abertamente pornográficos. Há nomes que não passam de brincadeiras estúpidas, gozações, pilhérias. E ainda surgem milhares de nomes que desafiam o bom gosto, que são feios mesmo, sem sentido e sem lógica alguma.

Todas estas categorias deveriam ser tratadas de uma forma mais sensata pelas autoridades brasileiras. Em Portugal, por exemplo, os Cartórios não permitem que alguém registre um nome que não esteja incluído em uma lista específica, que contem nomes normais. Se for o caso, um nome que não provoque constrangimento, que não seja feio, mas que não esteja incluído, poderá posteriormente fazer parte da lista.

O Governo Federal brasileiro, numa situação adequada, teria a obrigação de desenvolver uma campanha de esclarecimento, para que pais e mães sem consciência evitem dar nomes vergonhosos a seus filhos. Em muitos casos, colocar um nome idiota é um caso de agressão moral praticado contra os recém nascidos. O Estatuto da Criança e do Adolescente deveria fornecer proteção contra os nomes que provocam sofrimento.

Luzival, por exemplo, é um nome que provoca estranhamento. Trata-se de um caso clássico da mistura dos nomes dos pais, Luiz e Valdemira, prática totalmente condenável pois geralmente resulta em nomes esdrúxulos. A criança mal nasceu é já vítima de brincadeiras, de ignorância ou de desrespeito explícito, para não falar de discriminação. E ninguém deve ter esse tipo de direito, de poder, de abuso.

Na verdade, trata-se de um caso de direitos humanos: todos têm o direito de receber um nome que não lhe cause sofrimento ou constrangimento. A crueldade gratuita deve ser repudiada sempre.

As colunas de falecimentos dos jornais estão repletas de nomes feios ou vergonhosos. Dá para imaginar o grau de sofrimento de seus portadores, que merecem toda a nossa compreensão. Mas isso não é suficiente.
       
É preciso difundir permanentemente a informação de que a legislação permite a troca do nome próprio. E incluir na legislação proibições enfáticas a respeito dos nomes esquisitos ou infames.

Só resta repetir: nossa total solidariedade a quem sofre em razão da inconsequência de quem gosta de brincar com o destino dos seus próprios filhos e da incompetência de quem permite que estes nomes sejam registrados.

Veja, na sequência de reflexões sobre os nomes estranhos, até aonde pode chegar essa inconseqüência.

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